“Todos devem ficar atentos a qualquer sintoma diferente do normal, como cansaço exagerado, falta de ar, dor no peito, tontura e palpitações”, avisa.
O Carnaval é uma das épocas mais esperadas do ano. Sempre há aqueles que contam os dias para descansar e assistir sua série preferida em frente à TV. Porém, para outros, é o momento de aproveitar os dias de folga para encarar uma verdadeira maratona de folia.
Apesar do bom astral, é nesse feriado que a maioria das pessoas acaba saindo da rotina e sobrecarregando o coração, na maioria das vezes por causa dos excessos de ingestão de bebidas alcoólicas, do cigarro, alimentação inadequada e, também, uso de substâncias ilícitas. “É recomendável que, neste período, os foliões redobrem a atenção com os hábitos de comportamento, como o abuso do álcool; do cigarro e a má alimentação, além de atentar para o estresse físico e os riscos de desidratação”, alerta Dr. Marcelo Sampaio, cardiologista membro do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.
Segundo o especialista, não são apenas aqueles que sabem que são portadores de problemas cardíacos que precisam se preocupar. “Todos devem ficar atentos a qualquer sintoma diferente do normal, como cansaço exagerado, falta de ar, dor no peito, tontura e palpitações”.
O cardiologista elencou 7 dicas para manter o coração a mil e bastante saudável durante os quatro dias de folia:
1 – Cuidado com o abuso de bebida alcoólica
“Tudo em excesso pode provocar danos ao coração. A bebida alcoólica também”, avisa Dr. Marcelo Sampaio, explicando que o álcool libera substância que podem provocar vasoconstrição, reduzindo o fluxo de sangue para o músculo do coração, podendo gerar arritmia.
O cardiologista destaca que não é incomum pessoas que bebem muito terem episódios de taquicardia, arritmia ou até mesmo infarto. “Se tiver antecedentes de eventos com álcool ou fatores de risco genéticos, pode haver complicações”.
Para aqueles que costumam beber descontroladamente, ele alerta ainda para o risco do coma alcoólico, que ocorre quando a pessoa fica inconsciente devido aos efeitos do excesso de álcool no organismo. “Geralmente, ele ocorre quando se bebe a ponto de ultrapassar a capacidade do fígado de metabolizar o álcool, o que leva à intoxicação do cérebro e de diversos órgãos do corpo”, explica o cardiologista.
Esta condição é considerada estado grave, e caso não seja rapidamente tratada, pode levar à morte, devido à diminuição da capacidade respiratória, lentificação dos batimentos cardíacos, além de queda dos níveis de glicose no sangue ou outras complicações como desenvolvimento de arritmias, por exemplo.
2 – Cuide da alimentação
O cardiologista chama atenção para outra atitude comum no Carnaval que costuma oferecer perigo ao coração: a alimentação desregrada. “Alimentos gordurosos, que provocam má digestão, podem causar danos ao coração e entupimento das artérias. Por isso, mantenha uma alimentação leve e balanceada. Prefira alimentos saudáveis, como proteína magra, frutas, verduras e vegetais”.
3 – Hidrate-se
Outro perigo é o calor excessivo que provoca muito suor, que desidrata e pode provocar queda de pressão e desmaios. Para os adultos, recomenda-se 2 litros de água pura, por dia.“Lembre-se de beber água mesmo que você não esteja com sede, porque a sede ocorre quando o corpo já está em desequilíbrio”, diz ele.
4 – Fique longe de drogas ilícitas, do cigarro e dos energéticos
Se as drogas ilícitas trazem muitos riscos para quem é saudável, têm impacto ainda mais grave para quem tem problemas cardíacos. Misturadas ao álcool, podem causar crises de taquicardia de longa duração, o que aumenta o riscos de infarto, derrame e morte. A cocaína, por exemplo, é a principal causa de infarto agudo do miocárdio em pessoas com menos de 30 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Já as drogas consideradas lícitas, como cigarro, álcool e energéticos, causam efeitos colaterais no coração. Da mesma forma, os proibidos termogênicos desencadeiam graves arritmias cardíacas.
“O cigarro é um dos maiores agressores do endotélio, aquela parede de células que recobre os vasos sanguíneos. Essa ação interfere com a produção de uma substância protetora conhecida como óxido nítrico e faz como que as artérias fiquem mais vulneráveis ao acúmulo de gordura. Há também uma interferência no mecanismo de contração e relaxamento, o que resulta numa maior dificuldade para o sangue circular”.
5 – Preste atenção à pressão arterial
As emoções exacerbadas podem elevar a pressão arterial, o que é um perigo para o coração. “É importante verificar sempre a pressão e mantê-la sob controle”, diz o médico. Uma dica é controlá-la antes do Carnaval, retirando o saleiro da mesa, reduzindo o consumo de embutidos (que possuem muito sódio), evitando carne vermelha e temperos industrializados.
6 – Pratique exercícios físicos antes das festas
Se você é daqueles que não perde um bloco de Carnaval ou um desfile na Avenida, não deixe de se preparar fisicamente antes desses eventos. Chegar sem condicionamento físico ao Carnaval pode trazer complicações para seu fôlego, deixá-lo dolorido e, assim, prejudicar a sua festa!
É recomendado fazer exercícios físicos durante 40 minutos, cinco vezes por semana. Caminhadas intercaladas com pequenas corridas, hidroginástica e esteira ou bicicleta são boas opções para auxiliar na melhora do condicionamento.
7 – Atenção ao choque térmico
Dr. Sampaio explica que toda vez que a temperatura está muito quente e a pessoa vai para um local mais frio, pode ocorrer um espasmo da artéria coronária, provocando um fechamento total. “Há também uma redução abrupta do sangue, podendo gerar infarto ou angina, com dor no peito”, afirma. “Pessoas que têm placas obstrutivas nas artérias queixam-se que têm mais dor no peito no frio”. Portanto, tome cuidado com o entra e sai de ambientes com ar condicionado ligado em temperaturas muito baixas, em contraponto com o ar livre extremamente quente.
O contrário também é perigoso – quando a pessoa vai para um local com temperatura elevada por longo período, como praia e piscina sob sol bem quente, corre o risco de ter queda de pressão. “Se a pessoa tem placas, pode até provocar um infarto, uma arritmia ou um desmaio”, finaliza o cardiologista.